Oficina de Capas

DSC09939O Coletivo Loucos por Memória reuniu-se em 12 de abril para confeccionar as capas dos livros e dos DVDs para o próximo lançamento, previsto para junho. Os livros, cujos temas versam sobre a cultura popular – benefícios da medicina tradicional, folia de reis, aboio, prosa e poesia popular, Folia do Zebedeu -, valorizam os saberes e os fazeres dos idosos fazendo com que eles se tornem sujeito de sua própria história. Também é importante ressaltar que o projeto valoriza a interlocução entre os jovens e os detentores dos conhecimentos tradicionais a fim de que aqueles possam ser os futuros transmissores dos conhecimentos adquiridos.

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por Coletivo Loucos por Memória

Jovens coletam informações para livro

20140215_100043O Coletivo Loucos por Memória acompanhou, no último final de semana, os senhores Toco Pequi e Manoel do Norte, mestres raizeiro e repentista, respectivamente, ao Cerrado, nas imediações de Cordisburgo, Minas Gerais para pesquisar sobre os benefícios do leite da mangabeira, árvore típica desse bioma, e coletar informações para a escrita do novo livro cartonero. O Coletivo, que retomou suas atividades em 2014 coordenado por Paloma e Solange da ONG Trilhas da Serra – Educação, Cultura e Cidadania , está passando também por um processo formativo a fim de que possam gerir suas próprias atividades na cidade.

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Durante a pesquisa, os jovens puderam sentir a textura da árvore, entrar em contato com o látex da mangabeira e beber o leite que, ao ser coletado, é misturado à água, além de ficarem por dentro dos benefícios desse remédio da medicina tradicional para a saúde. Sr. Toco Pequi deu uma aula natural e alertou sobre a importância da preservação do bioma. Sr. Manoel do Norte declamou versos ao som da viola. Durante a caminhada, os jovens perceberam a dificuldade de se encontrar uma árvore mangabeira, o que antigamente não acontecia. Muito lixo e entulho foi encontrado a céu aberto sufocando as raízes, o que fez os jovens refletirem e proporem ações de sensibilização. O calor não inibiu a vontade dos jovens que se valeram dos cinco sentidos para a percepção do pouco que resta do Cerrado na cidade mineira.

20140215_095454A caminhada ao Cerrado mineiro fez parte da II Folia do Zebedeu, atividade cultural realizada pela ONG Trilhas da Serra tanto em Serra Negra, São Paulo, onde está situada a matriz da instituição, quanto em Minas, nas cidades de Belo Horizonte e de Cordisburgo, onde a instituição atua com uma filial. A Folia do Zebedeu é uma ação inspirada na Folia de Reis, mas tem o objetivo de realizar com os jovens a educação patrimonial e ambiental e divulgar também os livros cartoneros produzidos pelo selo Catapoesia, certificado como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil em 2013. A Folia é cíclica e sai uma vez a cada estação do ano.

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por Coletivo Loucos por Memória

Recomeço 2014

1 (2)Nosso primeiro encontro de 2014, no dia 01 de fevereiro no período da manhã, foi de apresentações, afinal muita gente nova no pedaço, inclusive a mediadora Paloma que chegou para coordenar as oficinas de audiovisual do projeto Catapoesia. Além das apresentações, a reunião contou com alguns informes e com o planejamento para que nossas atividades estejam sempre em sintonia com o desejo do Coletivo Loucos por Memória. A presença do nosso membro-mor, Sr. Toco Pequi, regou as atividades de alegria e de conhecimento. Esperamos que este ano seja de muito aprendizado. Animação é o que não falta! Vamos que vamos!

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por Coletivo Loucos por Memória

O trabalho voluntário

voluntariadoAlém de render motivação tão grande quanto a de ganhar dinheiro, o voluntariado pode abrir portas para o primeiro emprego.

Por Bráulio Tavares.

Têm acontecido alguns eventos de grande porte no Brasil, requerendo o envolvimento de centenas ou milhares de pessoas trabalhando juntas: a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, o Rock in Rio. A maioria deles recorre ao trabalho de jovens voluntários, que, por um pagamento meramente simbólico (transporte e refeição), servem de mão-de-obra para a organização. Acontece que muita gente tem criticado essa prática, dizendo que os garotos e garotas são explorados, que se submetem a um esforço estafante sem ganhar nada, e que os organizadores do evento ficam com toda a fama e os elogios… Essa crítica é estendida ainda a eventos de menor escala, como festivais de música, de cinema, de teatro, em que voluntários também aparecem auxiliando em mil tarefas práticas. Eu já fiz muito trabalho desse tipo, quando era mais jovem, e só eu sei o quanto saí ganhando. O simples fato de estar mergulhado naquele universo que a gente admira – música, cinema, esporte e etc. – nos dá uma motivação tão grande quanto a de ganhar dinheiro. Estamos conhecendo gente, aprendendo tarefas, resolvendo problemas, fazendo contatos. Para um jovem que mora com os pais (e que disponha do básico para viver), essa fase é a única em que ele pode trabalhar de graça impunemente (depois ele se casa, vêm os filhos…). Mas ele não está trabalhando de graça, na verdade está estudando de graça, está aprendendo de graça coisas que outras pessoas, em outros contextos, pagam para aprender. A coisa que mais atrapalha os jovens recém-formados, quando procuram emprego, é a falta de algum tipo de experiência. Cria-se o círculo vicioso: o rapaz não arranja emprego porque não tem experiência, e não adquire a experiência porque não arranjou o emprego. O trabalho voluntário, feito desde cedo, pode resolver isso.

“O jovem não está trabalhando de graça, mas estudando sem pagar.”

Sabendo equilibrá-lo com os estudos, o jovem pode ir acumulando variados tipos de experiências e, na hora de conseguir um estágio importante, ele sai na frente, porque sua desenvoltura é maior. Um voluntário pode ser explorado, utilizado de maneira errada? Claro que sim, mas isso não ocorre apenas com voluntários, isso também acontece com funcionários de grandes e respeitáveis empresas, aquelas em que “todo mundo quer trabalhar”. Qualquer soma de experiência é útil nessa fase da vida, até mesmo para que o jovem possa distinguir, na próxima tentativa, o que é um voluntariado bom e o que é uma roubada. Saber identificar essa diferença é um talento que só se desenvolve quebrando a cara. Não se ensina no colégio nem na faculdade.

(Artigo retirado da revista “Carta Fundamental”, de outubro de 2013)

por Coletivo Loucos por Memória